O mês de julho marca a luta contra as desigualdades de gênero e raça que atingem diariamente as mulheres negras no mundo do trabalho, na representatividade política, na alta esfera econômico social e na sociedade em geral. O chamado Julho das Pretas é uma agenda de propostas afirmativas coletivas que fomentam ações que incidam em evidência e fortalecimento político das mulheres negras para a tão necessária superação das desigualdades de gênero e raça.

Criada em 2013 pelo Instituto da Mulher Negra – Odara, a agenda se agigantou e vem sendo organizada pela Articulação de Mulheres Negras Brasileiras, composta por 45 organizações que fazem a luta contra o racismo, o machismo e a exploração de classe.

No movimento sindical, o enfrentamento à negação e ou a secundarização das pautas reivindicatórias específicas, bem como a invisibilidade das lutas contra a exploração da mão de obra feminina, em especial das mulheres negras, que seguem recebendo menor remuneração no trabalho, a opressão, os assédios e o aumento das violências de gênero e de raça são pautas latentes nesse mês.

Na sexta feira, 28/07/2023, o Sindicelpa – com a representatividade das diretoras Allane Varjão e Gilene Pinheiro, que também é  Secretária de Combate ao Racismo na Central Única dos Trabalhadores e das Trabalhadoras – esteve presente na atividade do Julho das Pretas da CUT Bahia; que esse ano contou com a primeira exposição, uma mostra da Secretaria de Combate ao Racismo, cujo tema foi Mulheres Negras nos espaços de poder e deliberação do movimento sindical, que trouxe diferentes experiências subjetivas e coletivas de mulheres negras, dirigentes sindicais, que estão a frente das batalhas, que criam conexões de lutas por respeito, por direitos e por solidariedade frente a pauta antirracista, e que com muita resistência fazem a afirmação de uma vida negra potente.

Reconhecimento e homenagem às Mulheres Negras à frente dos sindicatos, um aprendizado com elas e a dinâmica de vidas negras tão ativas e impressionantes.

Sabemos que houve um apagamento da história, da luta e dos espaços de luta que estiveram, das ações, das batalhas, das vitórias… Enfim, da presença das mulheres negras na sociedade como um todo. Sabemos que  a invisibilidade das mulheres, em especial das mulheres negras, se dá com o apagamento da produção, do trabalho e da intelectualidade das mulheres negras através do não reconhecimento das suas capacidades, e isso também é muito presente no movimento sindical.

Por isso, atividades como essas são tão importantes, pois contribuem com a visibilidade da luta por um outro projeto sindical, um projeto que inclua as pautas das mulheres negras, que seja capaz de criar e promover a ocupação dos espaços que contra argumentam essa atual realidade de exclusão das mulheres, principalmente das mulheres negras dos espaços de poder do movimento sindical.

A mostra também serviu para refletir sobre a importância de se analisar a intersecção dos marcadores sociais de gênero, raça e classe na trajetória de mulheres negras no movimento sindical, para entender suas ausências nos espaços de poder.